Mercado de Escravos

Guia do museu no primeiro mercado de escravos africanos na Europa, em Lagos


Mercado de Escravos, Lagos

No século XV, o Infante D. Henrique tornou-se governador do Algarve e instalou-se em Lagos, que serviu de ponto de partida das expedições marítimas que o infante patrocinou a título privado. No início, o objetivo era conquistar os portos de Marrocos, mas os navegadores portugueses acabaram por se aventurar cada vez mais para sul, mapeando a costa africana. Esta iniciativa acabaria por criar para Portugal, décadas mais tarde, o primeiro império intercontinental na História.

Interior do Mercado de Escravos, Lagos

A primeira grande expedição foi no ano de 1434, quando um navegador de Lagos, Gil Eanes, dobrou o Cabo Bojador pela primeira vez. Anos depois, auxiliado por novos mapas, conhecimento e tecnologia, Vasco da Gama finalmente descobriu o caminho marítimo para o Oriente, chegando à Índia em 1498. No início, o que mais se comercializava era especiarias, ouro, marfim, seda e animais exóticos, mas os navegadores acabaram por descobrir que o comércio de escravos também era um negócio lucrativo, sobretudo depois da colonização das Américas.

Mapa da Rota do Escravo no Mercado de Escravos, Lagos

Lagos estabeleceu o primeiro mercado de escravos africanos na Europa, tendo os primeiros chegado à cidade em 1444. Muitos desses africanos eram retirados do território que é atualmente a Nigéria, cuja capital foi batizada pelos portugueses com o nome de Lagos. Os escravos eram vendidos aos impérios britânico, francês, espanhol e holandês, ou enviados para o Brasil, a colónia portuguesa no "novo mundo". O edifício em Lagos onde se comercializavam os escravos remonta a 1444 e serviu também de alfândega. Em 2016, abriu ao público como um pequeno museu.

A exposição explica, em português e inglês, como era feito o tráfico de escravos e recorda como, já no século XVI, havia quem lutasse contra isso – como Amador Vieira, líder de uma revolta de escravos na colónia portuguesa de São Tomé, em julho de 1595. Mapas indicam as rotas do comércio dos portugueses pelo mundo, as mercadorias comercializadas entre o velho e o novo mundo e o número de escravos que acabaram nos diferentes continentes (cerca de meio milhão na Europa, o mesmo número na América do Norte, 5 milhões só no Brasil e outros 5 milhões no Caribe).

Entrada para o Mercado de Escravos em Lagos, Portugal

Outros painéis contam como eram as condições desumanas em que os escravos eram transportados, e como Lagos cresceu ao longo dos séculos.


Praça do Infante
10h-13h, 14h-18h; Encerra às segundas-feiras
3€ (ou 6€ para um bilhete conjunto que inclui o Forte da Ponta da Bandeira e o Museu de Lagos Dr. José Formosinho; 5€ para incluir o Museu Dr. José Formosinho; 4€ para incluir o Forte da Ponta da Bandeira; 1,50€ para visitantes com idades entre os 12 e os 18 ou com mais de 65 anos)